Empreendedorismo é a chave para transformar país em uma potência

 

Herbert Chen: "Quero trocar o Made in China por o Create in China" (Foto: Reprodução)

Herbert Chen: Quero trocar o Made in China por o Create in China. (Foto: Reprodução)

 

A China é chamada de a grande indústria do planeta. Empresas de toda a parte do mundo usam suas fábricas para produzir de tudo: de simples brinquedos aos sofisticados smartphones. Mas o país asiático não quer mais ser apenas um chão de fábrica: “A gente está num processo de estimular o empreendedorismo inovador para aumentar o número de patentes e criar novas tecnologias, diz Herbert Chen, gestor doTsinghua University Science Park, o Tuspark.

Há uma razão: a produção fabril rende muito pouco dinheiro para a China. E os chineses sabem que uma economia baseada só na “fabricação de produtos” não leva nenhum país ao topo. “O que constrói um país rico hoje é o empreendedorismo inovador, que constrói produtos e serviços desejados pelo mundo”, diz Chen, um dos destaques da 26ª Conferência Anprotec, em Fortaleza. Chen usa como exemplo o iPhone. O aparelho, que é vendido por US$ 750 dólares numa loja da Apple nos Estados Unidos, custa US$ 292 para ser fabricado numa fábrica chinesa. “Deste montante, o dono da fábrica fica com apenas US$ 10 pela mão de obra. E quando ele desconta os encargos, o lucro não passa de US$ 2”, diz. O Tuspark tem a missão de mudar esse cenário, ou seja, de criar empresas de tecnologia chinesas que sejam inovadoras, como a Apple. Erguido em 1994 em Beijing, o parque tecnológico tem mais de mil pequenas empresas instaladas e 35 mil pessoas trabalhando. Segundo Chen, os empreendedores pesquisam novos produtos e serviços. O objetivo é, claro, tornar a China uma potência tecnológica.

“Temos a segunda economia do mundo. O país cresce. Mas não é com inovação. A gente quer que a inovação na agricultura, na energia limpa e eficiente, e nas telecomunicações traga a maior parte da riqueza do país”, diz. “O foco é trocar o “made in China” encontrados em produtos de alta tecnologia por “created in China”. Para isso, o Tuspark aposta num modelo que favorece o empreendedor. Segundo Chen, ele tem quatro pilares. São eles:

Localização: o parque tecnológico precisa ter acesso fácil seja por carro ou transporte público, aeroportos, empresas e universidades ao entorno.

Área de atuação definida: o parque precisa escolher uma área de atuação que case com o potencial do local onde está instalado. Assim, ele atrai a comunidade ao entorno.

Recursos financeiros: os empreendedores precisam de acesso ao crédito. Para isso, o governo precisa ter linhas de financiamento para incentivar a criação de novos negócios. E também leis que incentivem a entrada de investidores e grandes empresas nos negócios.

Equipes de profissionais: não basta dinheiro. O empreendedor do parque tecnológico precisa ter acesso a especialistas que o ajudem a abrir rapidamente empresas, o orientem na transferência de tecnologia, prestem consultoria jurídica na criação do serviço ou produto.

 “A gente precisa apenas oferecer um ecossistema que funcione para as coisas acontecerem”, diz.

O Tuspark atraiu a atenção de outros governos pelo mundo. O modelo já está em implantação na Tailândia e no Paquistão, por exemplo, e sendo copiado até por iniciativas na Europa. “O Brasil pode se inspirar no nosso modelo. Ele tem tudo para funcionar aqui”, afirma.

POR PEGN / Fabiano Candido

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